
Dados alarmantes da Polícia Federal mostram que apenas 25% dos inquéritos abertos desde 2019 sobre crimes ambientais, como queimadas e desmatamento, resultaram em indiciamentos. Dos 5.406 casos registrados, apenas 1.385 tiveram avanço para identificar responsáveis, deixando 75% dos crimes sem punição.
Mato Grosso do Sul: O Impacto das Queimadas no Pantanal
Em Mato Grosso do Sul, dois inquéritos ganharam destaque em 2024 devido à devastação causada por incêndios no Pantanal. Um dos casos, registrado em setembro, foi a Operação Prometeu, que revelou a grilagem de terras públicas. Áreas totalizando mais de 6.400 hectares foram usadas ilegalmente para criação de gado, resultando em danos econômicos superiores a R$ 200 milhões. Durante a investigação, foram encontrados cerca de 2.100 animais em terrenos da União, mas estima-se que mais de 7.200 cabeças de gado tenham sido criadas no período analisado.
Outro caso marcante foi a Operação Arraial São João, em outubro. A perícia identificou que cerca de 30 mil hectares do bioma pantaneiro foram consumidos por incêndios criminosos. O ápice das queimadas coincidiu com as festividades juninas de Corumbá, deixando a margem do Rio Paraguai tomada por chamas e gerando comoção nacional.
Brasil e a Crise de Incêndios Florestais
O ano de 2024 foi marcado por uma grave crise ambiental no Brasil, com um aumento expressivo no número de inquéritos relacionados a queimadas: foram 119, mais do que o dobro da média dos anos anteriores. Apesar disso, apenas 9 casos chegaram a indiciamentos.
Desde 2019, foram abertas 5.045 investigações sobre desmatamento em todo o país, com 1.313 resultando em indiciamentos. Ainda assim, 87% das situações relatadas foram consideradas solucionadas, segundo a PF.
Dificuldades em Identificar Culpados
A Polícia Federal aponta que crimes ambientais, como queimadas florestais, são desafiadores para investigação devido à dificuldade de coleta de provas que conectem diretamente os responsáveis aos atos criminosos. Muitas vezes, a falta de elementos contundentes impede o indiciamento e a penalização dos envolvidos.
Soluções e Investimentos
Para enfrentar o problema, a PF tem investido em novas tecnologias, como imagens de satélite, parcerias com outros órgãos e cooperação internacional. A meta é aumentar a taxa de solução de crimes ambientais, que atualmente é de 89,5% em investigações relacionadas a esse tipo de infração.
Fonte: https://www.campograndenews.com.br/meio-ambiente/75-dos-inqueritos-da-pf-por-queimadas-e-desmatamentos-nao-indiciam-ninguem