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A escalada do conflito no Oriente Médio pode gerar impactos diretos no custo de vida em Mato Grosso do Sul, especialmente no preço dos alimentos e nas operações de exportação do Estado. A razão principal está na alta do petróleo, que interfere diretamente nos gastos com transporte e produção.


Alimentos Mais Caros à Vista

Com cerca de 70% das frutas e hortaliças consumidas no Estado vindas de outras regiões, como São Paulo, e 80% do transporte feito por rodovias, qualquer aumento no valor do combustível provoca reajustes imediatos nos preços nas prateleiras.

A combinação entre dependência de transporte rodoviário, insumos vindos de fora e alta do petróleo cria um ambiente onde o encarecimento de itens básicos pode ultrapassar os 10%, afetando diretamente o bolso do consumidor.


Efeito Dominó: Petróleo em Alta e Logística em Colapso

O preço do barril de petróleo já apresentou um aumento de 21% somente no mês de junho. Parte disso é reflexo do risco de bloqueio do Estreito de Ormuz, uma rota estratégica por onde circulam 20% da produção mundial do combustível.

Esse encarecimento não se limita ao transporte: todo o processo produtivo utiliza derivados de petróleo — desde a movimentação de cargas até o funcionamento de indústrias e restaurantes. Isso resulta em inflação generalizada, afetando desde o produtor até o consumidor final.


Fertilizantes em Risco: Produção Agrícola Ameaçada

Além dos alimentos já prontos, a crise também ameaça a base da agricultura: os fertilizantes. A ureia, um dos principais insumos agrícolas, é majoritariamente importada de países envolvidos em conflitos, como Rússia, Ucrânia, Irã e Bielorrússia.

Embora o Brasil produza uma pequena parte internamente, o custo elevado da produção nacional torna a importação mais atrativa. Com o conflito em andamento, os preços podem disparar, comprometendo o rendimento agrícola e o abastecimento futuro.


Exportações Podem Ser Prejudicadas

O impacto da crise vai além das fronteiras nacionais. Mato Grosso do Sul, que tem vocação exportadora, pode sofrer com a oscilação no mercado internacional e com o aumento das despesas logísticas.

Produtos como soja, milho, carne bovina, açúcar, celulose e minério de ferro, amplamente exportados para países como a China (que representa 45,4% das exportações do Estado), podem ter sua competitividade reduzida no cenário global.


Relação com Irã e Israel: Baixo Impacto Direto, Mas Custo Alto

Apesar de o Estado manter relações comerciais pouco expressivas com Israel e não exportar diretamente para o Irã, o risco está no efeito global da crise. O conflito compromete a estabilidade das cadeias de suprimento e pressiona ainda mais os custos logísticos.

Com a continuidade do conflito e sem previsão de resolução a curto prazo, especialistas alertam para a necessidade de monitoramento constante dos preços do petróleo e gestão eficiente dos custos operacionais, a fim de reduzir os danos ao setor agroindustrial e à economia local como um todo.

Fonte: https://www.campograndenews.com.br/economia/guerra-no-oriente-medio-pode-refletir-no-custo-de-alimentos-e-exportacoes-em-ms#goog_rewarded