
Nesta quinta-feira (29), a Polícia Federal deflagrou a oitava etapa da Operação Sisamnes, que investiga um vasto esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo magistrados do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT). A ação foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou o afastamento do juiz investigado de suas funções, além do bloqueio de bens e valores que somam cerca de R$ 30 milhões. Também foi decretada a retenção do passaporte do magistrado, impedindo sua saída do país.
Esquema de propina e lavagem de dinheiro é alvo principal da nova fase
As investigações focam em desvendar um sistema estruturado para o pagamento de subornos em troca de sentenças judiciais favoráveis. A Polícia Federal identificou indícios de uma complexa rede de lavagem de dinheiro destinada a ocultar os recursos milionários recebidos ilegalmente.
Durante essa fase, três mandados de busca e apreensão foram cumpridos no estado de Mato Grosso, com diligências em andamento para coletar provas que confirmem as acusações de corrupção no âmbito do Judiciário.
Descobertas da fase anterior revelaram grupo clandestino ligado a assassinatos e espionagem
A operação desta quinta ocorre um dia após a divulgação de informações alarmantes reveladas na sétima fase da Sisamnes, realizada na quarta-feira (28). Na ocasião, a PF descobriu que militares ativos e da reserva haviam criado uma empresa clandestina que executava assassinatos e espionagem por encomenda.
O grupo, conhecido como “Comando C4: Caça Comunistas, Corruptos e Criminosos”, estava registrado como prestador de serviços de segurança privada, mas na prática atuava como braço operacional para crimes de alta gravidade. Entre os documentos apreendidos, foi encontrada uma tabela manuscrita com valores cobrados para monitoramento ou execução de figuras públicas, incluindo ministros do STF, senadores e deputados. Os preços variavam de R$ 50 mil, para cidadãos comuns, até R$ 250 mil para ministros do Judiciário.
Coronel da reserva é apontado como líder do grupo clandestino
O coronel da reserva do Exército, Etevaldo Caçadini de Vargas, é um dos principais nomes ligados ao grupo. Ele já estava preso por decisão judicial estadual, mas voltou a ser alvo de mandado de prisão expedido pelo STF. Foi na residência dele que os agentes federais encontraram a tabela com os nomes e os valores dos supostos serviços.
Além dele, outros quatro investigados tiveram mandados de prisão, buscas e monitoramento eletrônico autorizados pela Suprema Corte, com o objetivo de desarticular a organização criminosa.
Assassinato de advogado em Cuiabá revela corrupção e propinas no Judiciário
O assassinato do advogado Roberto Zampieri, em dezembro de 2023, em Cuiabá, foi o estopim para as recentes descobertas. O celular da vítima, apreendido pela Polícia Federal, continha mensagens e documentos que ligavam seu nome a um esquema de pagamento de propinas a desembargadores e assessores de ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Os dados extraídos foram encaminhados ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Entre as informações, havia registros de repasses ilegais para servidores de tribunais superiores, incluindo ministros do STF e parlamentares.
Complexidade do esquema reforça gravidade do caso
A Polícia Federal ressalta que o grupo criminoso atuava com motivação política e institucional, estruturado como uma verdadeira empresa do crime. A extensão do esquema, envolvendo altos representantes do Judiciário e políticos, evidencia a seriedade e o impacto das investigações.
Fonte: https://www.brasil247.com/brasil/pf-deflagra-8-fase-da-operacao-sisamnes-stf-afasta-magistrado-e-bloqueia-r-30-milhoes