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A Polícia Federal deflagrou, nesta quinta-feira (10), a Operação Arraial de São João, em Corumbá, para investigar um incêndio de grandes proporções que devastou cerca de 30 mil hectares do Pantanal. Conhecido como “muralha de fogo”, o incêndio foi intencionalmente causado por uma família local, que já possui um histórico de crimes graves, incluindo condenações por homicídio e trabalho escravo. A operação cumpre mandados de busca e apreensão contra seis membros da família, acusados de grilagem de terras, exploração ilegal e crimes ambientais.

Histórico de Crimes e Condenações

Entre os investigados está Carlos Augusto Borges Martins, conhecido como “Carlinhos Boi”, já condenado em processos anteriores por manter trabalhadores em condições análogas à escravidão e por homicídio. No ano passado, ele foi multado em R$ 300 mil por manter um casal de trabalhadores em um chiqueiro, sem qualquer registro em carteira ou condições básicas de trabalho. Além disso, outro membro da família está preso preventivamente por homicídio, reforçando o histórico criminal que envolve o grupo.

Início do Incêndio e Investigação

As investigações começaram após uma denúncia anônima, que indicou que o incêndio às margens do Rio Paraguai, durante a festa de São João em junho, foi provocado pelo filho de Carlinhos Boi, Carlos Augusto Alves Martins, apelidado de “Capim”. Ele e seus irmãos Antônio Carlos de Borges Martins (Poré), Carlos Roberto Alves Martins, Damião Alves Martins, Carlos Francisco Alves Martins e Carlos Antônio de Borges Martins são os principais alvos da operação.

Operação da Polícia Federal

Durante a operação, foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão, resultando na apreensão de armas de fogo, munições e celulares. Duas pessoas foram presas em flagrante. O fogo, iniciado no dia 1º de junho, queimou aproximadamente 6,5 mil hectares inicialmente, mas se espalhou rapidamente, gerando grande destruição e fumaça em toda a região.

Exploração Ilegal e Grilagem de Terras

A família, além de ser responsável pelo incêndio, também está sendo investigada por grilagem de terras públicas e exploração ilegal para a criação de gado. A área devastada faz parte de um bioma protegido e a exploração irregular contribuiu para os danos ambientais massivos.

Repercussão nas Redes Sociais

As imagens do incêndio viralizaram nas redes sociais, destacando o contraste entre a festa junina de Corumbá e as chamas que consumiam o Pantanal. O vídeo da “muralha de fogo” acumulou mais de 370 mil visualizações, gerando perplexidade e indignação entre internautas, que comentaram o impacto ambiental da tragédia.

Consequências e Acusações

Os membros da família poderão responder pelos crimes de provocar incêndio em mata ou floresta, desmatamento de áreas de domínio público, falsidade ideológica, grilagem de terras e associação criminosa. Além disso, o histórico de trabalho escravo e homicídios fortalece o caráter grave das acusações contra o grupo.

A Operação Arraial de São João expôs não só o crime ambiental de grandes proporções causado pela família, mas também um padrão de condutas criminosas que incluem homicídio, exploração ilegal e trabalho escravo. A destruição de uma vasta área do Pantanal, uma das maiores riquezas naturais do Brasil, destaca a urgência de ações rigorosas contra esse tipo de crime.

Fonte: https://www.campograndenews.com.br/cidades/interior/familia-que-criou-muralha-de-fogo-ja-foi-multada-por-manter-casal-em-chiqueiro