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Artefatos Guató Espalhados pelo Mundo Aguardam Repatriação

Países como Portugal, Itália, Rússia, Alemanha, Argentina e Estados Unidos abrigam preciosos artefatos do povo Guató, uma etnia indígena do Pantanal. Estes objetos, que já não são mais produzidos, foram levados por pesquisadores há mais de 100 anos. Agora, o Conselho de Lideranças do Povo Guató, representando as comunidades do Guadakan/Pantanal no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, busca repatriar esses itens, assim como ocorreu com o manto tupinambá.

Desafios da Repatriação e o Futuro dos Artefatos

Entre os objetos que os líderes desejam trazer de volta ao Brasil estão urnas funerárias, mosquiteiros de tucum e lâminas de machado, entre outros. No entanto, há uma série de desafios a serem enfrentados. Uma das principais questões levantadas pelo Conselho é sobre o destino desses artefatos: onde e como serão armazenados ao retornarem?

Os mosquiteiros feitos de palha, por exemplo, demandam cuidados especiais por serem frágeis, ainda mais considerando o tempo que ficaram fora de suas terras de origem. A preocupação não é apenas em repatriar os itens, mas em garantir que eles sejam preservados adequadamente.

Reconhecimento Cultural e Identidade

A repatriação dos artefatos é vista como essencial para que a história dos Guató seja conhecida, tanto por sua própria comunidade quanto pelo público em geral. A trajetória desse povo, que influenciou a cultura de Mato Grosso do Sul, é retratada nos objetos históricos, reforçando a importância de seu retorno.

Em agosto, uma carta foi enviada ao Centro Nacional de Arqueologia, e agora a demanda está em análise pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), com o objetivo de discutir e regulamentar o processo de repatriação.

Luta por Identidade e Sobrevivência

Historicamente considerados extintos ou quase extintos, o povo Guató ainda enfrenta dificuldades para ser reconhecido como tal. Eles são frequentemente identificados como “ribeirinhos”, o que obscurece sua verdadeira identidade indígena. Essa confusão ocorre, em parte, devido a estratégias de sobrevivência utilizadas no passado, quando muitos se apresentavam como ribeirinhos para evitar perseguições por fazendeiros.

Conectando Gerações e Protegendo a Ancestralidade

A recuperação desses artefatos é uma forma de reconectar as novas gerações de indígenas Guató com sua rica ancestralidade. Além disso, as lideranças ressaltam que a luta pela preservação da identidade cultural vai além da repatriação de objetos; ela também envolve a sobrevivência física e cultural diante de desafios como os incêndios no Pantanal.

Essa busca por resgatar a história e fortalecer a identidade é uma luta contínua, e o retorno dos objetos é visto como um símbolo poderoso dessa resistência.

Fonte: https://www.campograndenews.com.br/lado-b/comportamento-23-08-2011-08/donos-querem-de-volta-tesouros-de-ms-levados-ate-para-a-russia