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Após mais de duas décadas de estudos, pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) desenvolveram um medicamento inédito a partir de uma proteína presente na placenta, chamada laminina. O composto, batizado de polilaminina, está em fase experimental, mas já apresenta resultados promissores na recuperação de movimentos perdidos em pessoas com lesões graves na medula espinhal.

O que já foi comprovado

Nos testes realizados, pacientes que receberam o tratamento em até 24 horas após acidentes graves conseguiram recuperar a mobilidade, chegando em alguns casos à restauração completa dos movimentos.
Os experimentos também foram aplicados em animais, como cães, e parte deles voltou a andar após a aplicação do medicamento.

Como funciona a polilaminina

A medula espinhal é responsável por transmitir impulsos elétricos entre o cérebro e o corpo. Quando ocorre uma lesão, essa comunicação é interrompida, resultando em paralisia.
A laminina atua como uma espécie de ponte biológica, auxiliando os neurônios a recriar conexões no local danificado. Isso permite a passagem dos impulsos nervosos e possibilita a recuperação dos movimentos.

Além disso, o novo fármaco surge como uma alternativa mais simples e acessível em comparação ao uso de células-tronco, já que a proteína é naturalmente produzida pelo organismo humano para regeneração do sistema nervoso.

Desenvolvimento e próximos passos

O estudo foi conduzido por uma equipe multidisciplinar de especialistas, incluindo neurocirurgiões e fisioterapeutas, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).
Atualmente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) avalia os próximos protocolos necessários para autorizar testes clínicos em maior escala. A farmacêutica Cristália, sediada em São Paulo, é a responsável por dar continuidade ao desenvolvimento do medicamento.

Quando o remédio estará disponível?

Ainda não há previsão oficial para a comercialização. A liberação depende da aprovação da Anvisa após novas etapas de testes clínicos. Se aprovado, o fármaco poderá se tornar um dos maiores avanços da medicina brasileira, trazendo esperança para milhares de pessoas com tetraplegia e paraplegia.

Fonte: https://oglobo.globo.com/saude/noticia/2025/09/10/cientistas-brasileiros-criam-medicamento-inedito-com-proteina-da-placenta-que-devolve-mobilidade-a-pessoas-tetraplegicas.ghtml