
A Operação Carbono Oculto, deflagrada pela Polícia Federal, revelou que a Duvale Distribuidora de Petróleo e Álcool, ligada ao Primeiro Comando da Capital (PCC), apresentou um crescimento explosivo e suspeito em apenas um ano. A empresa, que estava inativa até 2020, registrou faturamento de R$ 2,79 bilhões em 2021, chamando atenção das autoridades para um esquema de lavagem de dinheiro e tráfico internacional de drogas.
A infiltração no mercado de combustíveis
Segundo os documentos da investigação, o avanço da distribuidora está diretamente ligado à atuação de Daniel Dias Lopes, condenado por tráfico internacional, além do apoio financeiro de Mohamad Hussein, o “Primo”, e Roberto Lemos, o “Beto Louco”. Todos tiveram prisão decretada e constam na lista vermelha da Interpol.
“Primo” assumiu informalmente o controle da empresa após a cassação da licença de sua distribuidora anterior pela ANP, ampliando os negócios ilegais por meio do setor de combustíveis.
Crescimento meteórico e movimentações suspeitas
Fundada em 1988, a Duvale permaneceu sem atividade por décadas, até que, de forma repentina, passou a movimentar valores bilionários. Entre outubro de 2020 e fevereiro de 2021, foram identificados 24.229 depósitos em dinheiro fracionado, somando R$ 31,7 milhões, o que levou o Coaf a emitir nove relatórios de inteligência financeira.
Esse aumento expressivo possibilitou a abertura de filiais em Porto Velho (RO), Iguatemi (MS) e Feira de Santana (BA). Porém, durante as vistorias da Polícia Federal, nenhuma dessas unidades foi encontrada em funcionamento, reforçando as suspeitas de filiais fantasmas.
Operação Carbono Oculto: impacto nacional
Na última semana, a investigação mobilizou 1,4 mil agentes para cumprir 315 mandados em oito estados, incluindo Mato Grosso do Sul, onde empresas em Dourados e Iguatemi também estão sob suspeita. O esquema criminoso envolvia práticas como:
- Fraude fiscal
- Adulteração de combustíveis
- Lavagem de dinheiro
- Sonegação de impostos
De acordo com os órgãos responsáveis, a movimentação financeira total pode ultrapassar R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024.
O novo rosto da lavagem de dinheiro
As investigações revelam que os recursos ilícitos foram inseridos em fintechs e fundos de investimento, dificultando o rastreamento e simulando legalidade. Com esses valores, o grupo criminoso adquiriu usinas, fazendas, caminhões de transporte de combustíveis e imóveis de luxo no Brasil e no exterior.
Especialistas apontam que essa estratégia marca uma mudança significativa no perfil da lavagem de dinheiro do PCC, que antes se baseava em dinheiro físico e agora opera integrado ao mercado financeiro formal.
Fonte: https://www.campograndenews.com.br/brasil/cidades/distribuidora-ligada-ao-pcc-fatura-r-2-7-bi-e-tem-filial-fantasma-em-ms