Contrariando a percepção comum de que a chuva e as curvas representam os maiores perigos nas estradas, um estudo aponta que os acidentes nas rodovias federais de Mato Grosso do Sul ocorrem, em sua maioria, em trechos retos e durante períodos de tempo estável.
A análise foi realizada pela Fundação Dom Cabral (FDC), com base em dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), e mostra um padrão claro relacionado à estrutura da via e às condições climáticas no momento das ocorrências.
Tempo bom e pista seca não significam segurança
É frequente a crença de que o risco aumenta em dias chuvosos, quando a pista molhada e a baixa visibilidade exigem mais atenção dos condutores. Da mesma forma, curvas costumam ser associadas a acidentes por demandarem maior controle do veículo.
No entanto, os dados levantados em Mato Grosso do Sul revelam um cenário diferente. Em 2024, a maior parte dos acidentes foi registrada em dias de clima firme, quando a boa visibilidade e a pista seca favorecem o aumento da velocidade, elevando a gravidade das colisões.
Acidentes e mortes crescem nas rodovias do Estado
Ao longo de 2024, foram contabilizados 1.441 acidentes nas rodovias federais que cortam Mato Grosso do Sul. O número supera os registros de 2023, que teve 1.372 ocorrências, e também os de 2022, com 1.331.
Entre os acidentes com vítimas fatais, cerca de 80% aconteceram em trechos de tangente, áreas retas localizadas antes ou depois de curvas. Nesses pontos, a velocidade mais elevada contribui para impactos mais severos e menor chance de sobrevivência.
BR-163 concentra quase metade dos acidentes em MS
Principal corredor rodoviário do Estado, a BR-163 possui mais de 800 quilômetros de extensão e concentrou praticamente metade de todos os acidentes registrados em 2024.
No extremo sul, os registros se intensificam em Mundo Novo, diminuem ao longo do trajeto, mas voltam a crescer nas entradas e saídas de Itaquiraí. Entre Itaquiraí e Naviraí, não houve ocorrências no período analisado, porém os acidentes reaparecem no trecho entre Juti e Caarapó.
Dourados e Campo Grande lideram pontos críticos
Na região de Dourados, os acidentes aumentam tanto no sentido sul quanto no sentido norte da rodovia, em direção a Campo Grande. O padrão se repete entre Anhandui e a Capital, onde há nova sequência de ocorrências.
Dentro do perímetro urbano de Campo Grande, os trechos mais críticos ficam entre os bairros Jardim Noroeste e Estrela Dalva. Já entre a Capital e São Pedro, não houve registros. A concentração volta a crescer em São Gabriel do Oeste, Rio Verde de Mato Grosso e, principalmente, em Coxim. Após esse ponto, entre Coxim e Sonora, os números voltam a cair.
Outras rodovias também apresentam trechos perigosos
Embora em menor volume, outras rodovias federais de Mato Grosso do Sul também registram áreas de atenção:
- BR-262: acidentes distribuídos ao longo da via, com maior incidência entre Ribas do Rio Pardo e Campo Grande, além do trecho entre a Capital e Terenos, próximo à conhecida “curva da morte”. Há novo aumento em Miranda e Corumbá.
- BR-060: registros concentrados em Jardim, Nioaque e, principalmente, Sidrolândia, com ocorrências frequentes até Campo Grande.
- BR-376: maior concentração entre Nova Andradina e o distrito de Amandina, passando por municípios como Ivinhema e Glória de Dourados.
- BR-158: trecho mais crítico localizado entre Aparecida do Taboado e Paranaíba.
Velocidade é o principal fator de risco
Os dados reforçam que a falsa sensação de segurança em trechos retos e em dias de tempo bom está diretamente ligada ao aumento da velocidade e, consequentemente, à gravidade dos acidentes. A atenção redobrada e o respeito aos limites continuam sendo essenciais para reduzir os números nas estradas de Mato Grosso do Sul.
Fonte: https://www.campograndenews.com.br/brasil/cidades/contrariando-o-senso-comum-acidentes-em-ms-ocorrem-em-retas-e-com-tempo-bom