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Uma denúncia protocolada em dezembro de 2024 aponta a atuação de uma ONG ambientalista, a Ecotrópica, em um esquema de grilagem de terras no Pantanal. De acordo com a acusação, a organização teria ocupado cerca de 5 mil hectares de terras públicas e privadas para a obtenção e venda de Títulos de Cota de Reserva Ambiental (CRAs), prática ilegal que pode ter gerado milhões de reais em lucros.

O Esquema de Grilagem: A denúncia alega que a Ecotrópica, ONG com sede em Mato Grosso e atuação no estado de Mato Grosso do Sul, teria incorporado as terras para incluir nas suas fazendas Penha e Acurizal. Esses documentos, emitidos por meio de georreferenciamento e pela obtenção de títulos ambientais, são vendidos para produtores rurais de outras regiões. Esses produtores, que desmatam além do permitido, comprariam as reservas ambientais para se isentarem da obrigatoriedade de reflorestar suas terras.

Lucros Milionários: Estima-se que, apenas com a grilagem dos 5 mil hectares na Serra do Amolar, a Ecotrópica tenha lucrado ilegalmente cerca de R$ 10 milhões. Esses títulos, vendidos a R$ 2 mil por hectare, geraram um negócio altamente rentável, principalmente por se tratar de áreas não pertencentes à ONG.

Impacto no Mercado de Créditos de Carbono: A venda de títulos ambientais é uma prática legítima quando as áreas são de fato preservadas e legalmente constituídas. No entanto, a acusação é de que a Ecotrópica estaria vendendo esses títulos por valores abaixo do mercado, prejudicando outros proprietários de terras da região, que realizam os devidos investimentos para a preservação e legalização das áreas.

Possível Conivência com Órgãos Públicos: A denúncia também levanta a suspeita de conivência entre o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), responsáveis pela emissão dos registros de georreferenciamento e dos títulos ambientais. Sem a colaboração desses órgãos públicos, o esquema não seria viável, segundo os acusadores.

A Reação das Entidades: As instituições envolvidas, incluindo o Instituto Homem Pantaneiro (IHP), parceiro da Ecotrópica, negam as acusações, classificando a denúncia como infundada e caluniosa. A Ecotrópica, por sua vez, reitera que sua atuação é pautada na preservação ambiental e que todas as suas áreas são legalmente registradas.

A denúncia sobre a grilagem de terras e a venda ilegal de títulos ambientais no Pantanal abre um debate sobre a fiscalização de áreas protegidas e a atuação de ONGs que, sob a fachada da preservação ambiental, podem estar envolvidas em práticas ilegais para lucrar com a exploração de um dos biomas mais importantes do Brasil. As investigações continuam e aguardam esclarecimentos das autoridades competentes.

Fonte: https://correiodoestado.com.br/cidades/ong-ambientalista-e-denunciada-por-grilagem-de-terras-no-pantanal/442452/