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Na madrugada deste domingo (27), cenas de terror marcaram a rodovia Fernão Dias, em Mairiporã (SP), após uma emboscada planejada contra torcedores do Cruzeiro, que retornavam de Curitiba (PR). O ataque, organizado por membros infiltrados da torcida Mancha Verde, terminou em tragédia: um torcedor morreu carbonizado dentro de um ônibus incendiado, e outras 17 pessoas ficaram feridas, duas delas baleadas e sete com traumatismo craniano.

O Ataque Violento e Articulado

Por volta das 5h10 da manhã, torcedores do Cruzeiro, membros da torcida organizada Máfia Azul, foram surpreendidos por vândalos da Mancha Verde, enquanto viajavam de volta para Belo Horizonte. O ônibus que transportava os cruzeirenses foi interceptado no quilômetro 65 da Fernão Dias, na altura de Mairiporã, sem qualquer possibilidade de desvio.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal, o ataque foi cuidadosamente planejado. Rojões e foguetes foram disparados em direção ao veículo, forçando os passageiros a descerem do ônibus. Logo em seguida, a violência explodiu: cerca de 120 torcedores se envolveram no confronto, com os palmeirenses em número muito maior, muitos armados com barras de ferro. A brutalidade das agressões resultou em ferimentos graves, com cruzeirenses sendo golpeados na cabeça, o que causou múltiplos traumatismos cranianos.

Torcedor Morre Queimado e Outros Feridos a Bala

Entre as vítimas, José Victor Miranda não conseguiu escapar a tempo do ônibus em chamas e morreu queimado. Além dele, dois torcedores foram atingidos por tiros, com cápsulas de munição de fuzil sendo encontradas pela Polícia Rodoviária no local. Imagens capturadas logo após o ataque mostram cruzeirenses ensanguentados, alguns desacordados e sendo socorridos por outros.

Essa emboscada, descrita pelas autoridades como um verdadeiro ato de terror, é uma vingança por um ataque semelhante ocorrido em 2022. Na ocasião, membros da Máfia Azul cercaram um ônibus da Mancha Verde na altura de Carmópolis (MG), espancando e baleando torcedores palmeirenses. Naquela tocaia, embora vários tenham ficado gravemente feridos, ninguém morreu. No entanto, o ataque deste domingo não teve o mesmo desfecho trágico.

Ciclo de Vingança Entre Torcidas

A rivalidade entre as torcidas organizadas Máfia Azul e Mancha Verde tem sido marcada por episódios de extrema violência. A tocaia de hoje parece ser uma retaliação ao ataque de 2022, quando ônibus da Mancha Verde foram cercados e espancados em território mineiro. Em resposta, o presidente de honra da Mancha Verde, Paulo Serdan, declarou em vídeo que os conflitos fazem parte da “guerra” entre as torcidas organizadas, naturalizando o ciclo de agressões.

No entanto, o ataque deste domingo atingiu um nível ainda mais cruel, culminando na morte de um torcedor e múltiplos feridos. Enquanto o futebol brasileiro continua a ser palco de atos de violência bárbara entre torcidas, a falta de punições severas e legislação específica tem permitido que essa guerra continue nas estradas, estações de metrô e periferias, longe dos estádios.

A Necessidade de Providências Urgentes

A barbárie deste domingo, que ocorreu em um dia de eleições no Brasil, é um alerta para as autoridades e políticos. A violência entre torcidas organizadas não pode mais ser tratada como um problema isolado. É urgente que medidas sérias sejam tomadas para interromper esse ciclo de ódio e vingança que vem destruindo vidas e manchando o futebol brasileiro.

Enquanto as investigações da Polícia Civil seguem em andamento, a sociedade exige respostas. A impunidade tem sido uma constante nesses conflitos, e sem uma legislação rígida e punições verdadeiramente severas, o futebol continuará sendo utilizado como cortina para a atuação de criminosos.

O Brasil precisa, urgentemente, colocar um fim a essa guerra. O futebol, que deveria unir as pessoas, não pode mais ser palco de tamanha violência e desumanidade.