
Uma extensa linha de fogo, com cerca de cinco quilômetros de comprimento, foi identificada na noite de terça-feira (29) em território boliviano, próximo à fronteira com o Brasil. A área afetada está nas proximidades da Serra do Amolar e da Lagoa Mandioré — região que se estende por mais de 120 km² entre os dois países. O alerta foi emitido pelo Sistema Pantera, operado pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP), que monitora a região constantemente com o auxílio de inteligência artificial.
Avanço das chamas monitorado e ações coordenadas entre Brasil e Bolívia
Com ventos de até 25 km/h soprando de leste para oeste, o avanço do fogo em direção ao Brasil foi temporariamente contido. Apesar disso, o risco de propagação segue em vigilância constante, já que a frente de incêndio estava a cerca de 15 km da linha de fronteira.
Em resposta, o IHP acionou organizações bolivianas parceiras, como a Fundación Nativa e a Fundación CERAI, além de notificar o Prevfogo/Ibama para reforço preventivo diante da possibilidade de avanço das chamas para solo brasileiro.
Cooperação transfronteiriça fundamental para proteção do Pantanal
A atuação conjunta entre os países tem sido essencial para preservar tanto as comunidades locais quanto a rica biodiversidade do Pantanal. Embora as autoridades tenham limites territoriais para ação direta, o compartilhamento de informações e estratégias entre Brasil e Bolívia permite respostas mais eficazes ao combate dos incêndios.
Desde 2024, acordos firmados entre o IHP e as organizações bolivianas possibilitam ações coordenadas na região da Área Natural de Manejo Integrado San Matías, vizinha à fronteira brasileira. Este ano, a parceria foi fortalecida com treinamentos para brigadistas e encontros técnicos entre os envolvidos.
Dados atualizados sobre queimadas e impactos ambientais
Apesar da seca intensa, o Pantanal brasileiro registrou, entre janeiro e julho de 2025, cerca de 14,7 mil hectares queimados — um índice significativamente menor que o de 2024, quando incêndios massivos devastaram áreas nos dois países.
Na Bolívia, o cenário foi ainda mais crítico em 2024, com 6,9 milhões de hectares destruídos pelo fogo no Departamento de Santa Cruz e mais 2,9 milhões no Departamento de Beni, configurando o maior desastre ambiental da história do país.
Tecnologia de ponta auxilia no combate aos incêndios
O Sistema Pantera, desenvolvido pela startup Um Grau e Meio em parceria com o IHP e apoiado pelo projeto Abrace o Pantanal (JBS), tem se mostrado uma ferramenta vital no monitoramento e combate rápido às queimadas. Equipado com sensores capazes de identificar fumaça em tempo real e emitir alertas em até cinco minutos — muito mais ágil que satélites tradicionais, que podem demorar até oito horas —, o sistema já é utilizado por órgãos como o Corpo de Bombeiros do Mato Grosso do Sul, Ministério Público Estadual e instituições bolivianas.
Fonte: https://g1.globo.com/ms/mato-grosso-do-sul/noticia/2025/07/31/fogo-atinge-fronteira-entre-brasil-e-bolivia-e-acende-alerta-no-pantanal-de-ms.ghtml