
Os incêndios que atingiram o Pantanal sul-mato-grossense em 2024 devastaram uma área de 1,74 milhão de hectares, afetando diretamente 830 propriedades rurais, 15 Unidades de Conservação e três Terras Indígenas, incluindo áreas das etnias kadiwéu, taunay/ipegue e cachoeirinha.
Esses dados foram levantados pelo Centro de Apoio do Meio Ambiente (Caoma) e divulgados no Programa Pantanal em Alerta, uma iniciativa do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), que monitora a origem e a extensão dos focos de incêndio no bioma.
Origem das Chamas: Propriedades Rurais Lideram Ocorrências
Por meio de uma metodologia inovadora, o MPMS identificou 298 pontos de ignição, permitindo um mapeamento detalhado dos focos de calor. As análises indicaram que 149 incêndios ocorreram dentro de propriedades rurais, queimando aproximadamente 1,3 milhão de hectares, o que representa 74,8% da área total atingida.
Esse dado reforça a necessidade de intensificar a fiscalização e conscientização dos proprietários rurais, além de aplicar medidas rigorosas para prevenir novos desastres ambientais. Apesar disso, 553 fazendas foram atingidas pelas chamas sem terem sido a causa inicial do fogo.
Municípios Mais Afetados e Tipos de Vegetação Queimada
Os incêndios se concentraram em oito municípios do Mato Grosso do Sul, sendo Corumbá o mais afetado, com 148 pontos de ignição, seguido por Porto Murtinho (112 ignições) e Aquidauana (22 ignições).
As regiões mais atingidas incluíram áreas de Formação Campestre (31,7%), Formação Savânica (27,19%) e Campos Alagados/Pantanosos (15,24%). A maior parte das queimadas (50,97%) ocorreu em vegetação nativa, enquanto 26,69% atingiram Reservas Legais propostas.
Resultados das Investigações e Penalizações
O monitoramento realizado pelo MPMS resultou em 173 informativos de ocorrências encaminhados para órgãos de fiscalização, como a Polícia Militar Ambiental e o IBAMA. Desses casos, 105 foram alvo de vistorias, representando 60,7% do total relatado.
Apesar das investigações, apenas seis casos tiveram suas causas identificadas com precisão, o que demonstra a dificuldade em responsabilizar os culpados. Até o momento, 75 processos foram instaurados pelo MPMS, incluindo Inquéritos Civis e Notícias de Fato, resultando em multas que ultrapassam R$ 100 milhões.
Medidas de Prevenção para 2025
Visando reduzir o impacto dos incêndios, o MPMS, em parceria com o Centro de Geotecnologias (NUGEO), estabeleceu um plano de ação para 2025. Entre as medidas prioritárias, destacam-se:
- Integração entre órgãos de fiscalização para resposta rápida a novos focos.
- Instalação de câmeras de monitoramento na Serra do Amolar.
- Implementação de um sistema de alertas em tempo real para proprietários rurais.
- Criação de uma força-tarefa composta por MPMS, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar Ambiental e peritos especializados.
- Uso de aeronaves para otimizar a coleta de provas e fiscalização em áreas remotas.
Além disso, 375 propriedades serão monitoradas como prioritárias para prevenir incêndios, reforçando o compromisso com a proteção do bioma pantaneiro.
A situação dos incêndios no Pantanal exige uma resposta eficaz e medidas de prevenção urgentes para evitar novas devastações no futuro.
Fonte: https://www.campograndenews.com.br/meio-ambiente/mp-confirma-75-dos-incendios-no-pantanal-comecaram-em-fazendas