4 min 2 meses

Uma megaoperação da Polícia Federal (PF), em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU), expôs um esquema de descontos ilegais em aposentadorias e pensões que teria causado um rombo bilionário nos cofres da Previdência. O caso envolveu a cobrança de mensalidades não autorizadas, supostamente vinculadas a associações de aposentados, sem consentimento dos beneficiários.

Dinheiro retirado diretamente dos benefícios

As investigações revelaram que, entre 2019 e 2024, valores mensais foram descontados diretamente dos proventos de aposentados e pensionistas do INSS, como se fossem associados a determinadas entidades — mesmo sem terem feito qualquer adesão formal. O total desviado pode ultrapassar R$ 6,3 bilhões.

Essas entidades prometiam benefícios como assistência jurídica e descontos em serviços, mas muitas não possuíam sequer estrutura para operar.

Presidente do INSS e outros servidores afastados

Seis servidores públicos foram afastados de suas funções, incluindo o então presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alessandro Stefanutto. Também foram afastados o procurador-geral do INSS, o coordenador de atendimento ao cliente, diretores e coordenadores ligados à área de benefícios. Um agente da Polícia Federal, suspeito de facilitar o esquema usando sua posição, também está entre os afastados.

Alvos da operação e bens apreendidos

A operação, autorizada pela Justiça Federal, foi executada em 13 estados e no Distrito Federal, abrangendo 34 cidades. Ao todo, foram cumpridos 211 mandados de busca e apreensão.

Durante as ações, as autoridades apreenderam veículos de luxo, joias, obras de arte e grandes quantias em dinheiro em espécie. Além disso, seis pessoas tiveram prisão decretada — cinco foram capturadas e uma continua foragida.

Investigação começou com a CGU

O caso começou a ser analisado em 2023, inicialmente pela CGU, em âmbito administrativo. Ao encontrar indícios de crimes, o órgão acionou a Polícia Federal, que instaurou 12 inquéritos para aprofundar as apurações.

Foram entrevistados mais de 1.200 aposentados e pensionistas. A imensa maioria (97%) afirmou jamais ter autorizado qualquer tipo de desconto em seus benefícios. Em diversos casos, foram identificadas falsificações de assinaturas e ausência de documentação necessária por parte das entidades envolvidas.

Prejuízo direto para os segurados

Os contratos com essas associações foram suspensos, e os beneficiários prejudicados podem recorrer ao site ou aplicativo “Meu INSS” para bloquear ou excluir os descontos indevidos. O processo também pode ser feito via Central 135.

Crimes investigados

Os responsáveis pelo esquema poderão ser responsabilizados por uma série de crimes, incluindo:

  • Corrupção ativa e passiva
  • Falsificação de documentos
  • Violação de sigilo funcional
  • Formação de organização criminosa
  • Lavagem de dinheiro

Fonte: https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/04/23/entenda-o-esquema-de-fraudes-no-inss-que-resultou-no-afastamento-do-presidente-do-orgao.ghtml#1